29.11.01

Dia de Gibi Novo: Kling Klang Klatch

Fui entrevistar umas pessoas em uma loja de RPG hoje e acabei dando uma olhada nuns gibis. A loja não compra revistas novas há algum tempo, mas parece que alguém despejou a acoleção lá recentemente. Uma das coisas que me chamou a atenção foi Kling Klang Klatch, de Ian McDonald e David Lyttleton.

Não me lembro de ter ouvido falar em nenhum dos dois ou na história antes, mas o preço era bem atraente para uma graphic novel daquela qualidade de impressão e volume. Então, resolvi arriscar. Ainda não li muita coisa, mas o que li me agradou. A história começa com um detetive investigando um crime racial: uma panda foi morta em Pandatown. Até agora, a história parece Blade Runner escrito por Raymond Chandler, mas com ursinhos no lugar de pessoas. A arte é perfeitamente apropriada para a história, constrastando os tons brilhantes e vivos dos livros infantis com um traço adulto e às vezes nervoso.

Devo ter hesitado um minuto para comprar, mas lembrei que ele estava esgotado. Ela foi publicada pelo selo VG, que deve ter acabado. As outras duas graphics deles que li foram Signal to Noise (de Neil Gaiman e Dave McKean) e A Small Killing (de Alan Moore e Oscar Zarete). As duas são dificílimas de encontrar e, infelizmente, estão entre os melhores trabalhos dos autores.
Falando em não aparecer, o Aoristo está com cara nova - mas ainda cinza. Além dos arquivos que estão no ar, continuo com os Amores Breves.

Engraçado, quando eu escrevi a série, há quase dois anos, o nome só estava copiando o Italo Calvino. Depois veio Amores Perros e Amores Possíveis e provavelmente mais uns que nem ouvi falar.
Ontem foi um dia morto para as letrinhas. Além de blogs, só uma passeada rápida por links onde salvei muito coisa e não li nada. Além disso, reli a introdução de Cultura da Interface para um grupo de discussões na faculdade e uns pedaços do Da Criação ao Roteiro, do Doc Comparato.

Passei o dia todo procurando músicas, gravando cds e tentando definir a ordem que vou tocar hoje no Aquarela Café (na av. Oceânica Barra - a partit das 21:00, entrada franca), num projeto do Pragatecno. Aparece lá. (Ceeeeerrrto. Como se alguém estivesse aparecendo aqui).

28.11.01

Hoje eu vi um cara repetindo a história do hamster no microondas - dessa vez com um gato - como se fosse verdade e novidade. Acho que ele ia se deliciar, sem entender, com o Unreliable Facts from The Brains Trust, de onde saem coisas como esta: "Who's who?" was originally the title of an ornithological text on the recognition of the cries of owls at night. Se bem que às vezes uma coisa absurda surpreende e é verdade.
O jornalista Claudio Julio Tognolli está lançando um livro sobre os clichês na imprensa brasileira. Isso me deu uma idéia de uma nova função - útil - para o Microsoft Word: um detector de clichês. Muito melhor que aquele clipezinho cretino.

27.11.01

Está historicamente provado que - para lidar com questões complexas - proibir sem muitos debates é a melhor maneira de agir. As drogas são um excelente exemplo, tendo resolvido completamente um problema que nem se sabe direito qual é. É um excelente exemplo de como lidar com a clonagem.

Claro que, como disse nosso moralíssimo presidente, a "ética impõe limites à pesquisa científica", mas as questões morais não são discutidas? Ou são resolvidas por decreto - divino ou do rei? Aliás, parece haver uma certa tendência mundial para misturar religião e bio-ética.
Claro que já dava para esperar um alto grau de idéias que me incomondariam em uma matéria com esse título, mas realmente surpreendeu. O autor sugere que, para evitar futuros seqüestros de aviões, seja feito um dossiê de cada passageiro. Assim, seria possível determinar quais teriam mais chances de causar problemas: estrangeiros, pessoas que ganham pouco e sem residência fixa, por exemplo.

Tornar os aviões inúteis para os sequestradores, nem pensar; isso não dá dinheiro para especialistas em segurança eletrônica.
Lembre-se que o roteiro é como um substantivo - uma pessoa num lugar vivendo sua "coisa".
Impressão minha ou isso não faz nenhum sentido? Está no Manual do Roteiro, de Syd Field.

O livro é bom, apesar de um pouco formulático demais (tipo, "tal coisa deve acontecer aos 25 minutos"). Só não sei por que eu estou lendo um livro sobre roteiros de longas se estou escrevendo um para 5 minutos. So fucking typical.
Atitude Contrapruducente - Sugerindo Blogs Legais

O primeiro blog de um político que eu encontrei é o de Júlio César.
OK! Eu admito
Não consigo colocar no ar os arquivos das páginas! Até consegui com um outro template, mas que não consegui alterar.

Alguém me ajuda?

26.11.01

Quando a Internet começou a se espalhar pela comunidade acadêmica no início da década de 90 ela tinha uma estrutura aberta capaz de ser o ambiente para inovações. As coisas continuaram assim até meados da década - quando surgiram dezenas de novas aplicações. Mas, de forma não muito sutil, as coisas estão mudando. Hoje, é mais interessante ter um bom advogado que uma boa idéia e trabalhar para implementá-la.
Dispensing with the notion that physical assaults involve physical proximity is no great leap for law enforcement today. The F.B.I. apparently wants to go even further than the prosecutor in the Maxwell case, who can at least point to an actual, not virtual, instance of sexual penetration. Maxwell was not prosecuted simply for talking to his victim; he was prosecuted for the actions he persuaded her to take. The F.B.I. has suggested that people should be prosecuted for thoughts as well as actions. As Thomas T. Kubic, deputy assistant director of the F.B.I.'s Criminal Investigative Division, testified before Congress in June, ''The F.B.I. fully supports the Department of Justice's view that any legislation affecting the Internet should: 1) treat physical activity and 'cyber' activity in the same way.''
Um americano está sendo julgado por estupro por ter instruído - por telefone - uma menina de dez anos a executar certas ações.

Concordo que o cara está errado e merece ser punido, mas eu achava que estupro era outra coisa. Além disso, o caso parece abrir um precedente muito perigoso.

24.11.01

Palavras, palavras, palavras e mais palavras.
Lego - um dos melhores brinquedos do mundo - fica ainda melhor se acompanhado de uma câmera digital.

The Brick Testament: Histórias da Bíblia ilustradas por Legos.
Chiaroscuro

The black-and-whites prowl inbetween the angry chalk and bitter ash
And black girls boosting tv scatter, shadows from a camera flash.
Two old guys find their chekers-boards and lawn-chairs smoldering in trash,
Sit outside the gutted general store and play.

The sun hangs zebra skins of shadow down below the fire escapes
At white-wash trials the jury sort the angelinos from the apes
On videotape the play of light and dark defines the hidden shapes
But every playback smudges them to gray.

And from the blackboard jungles to the white house now it's understood
The color of your stetson's all that separates the bad from good
A tar-and-feather perfume lingers on black shirt and daz-white hood
There's flecks of blood upon a black beret.

And white lies on black vinyl theach how to ebonies and ivories
Can put their balance in the black while white suburban families
Buy records, yet upon the subject of the cracks between the keys.
They find they haven't anything to say.

Through headline-colored cities flicker visions from the silent age
We're given bars of dark and slats of light with to build our cage
The minstrel show the only act we know and life is but a stage
Where right and wrong make weary cabaret.

As God and Satan, Mazda and Ahriman, Set and Ra they guise
While from the gods, in penguin suits, we hiss, applaud and moralize
Then walk home through the cocaine and the cinders, nurse our alibis
And in the chiaroscuro steal away.
Alan Moore, em Alan Moore's Songbook
Oh, meu deus! O Bambi ficou mau!!

23.11.01

Jimmy Corrigan está na seleção final do Guardian First Book Award. Até hoje, eu só li uns capítulos que estão em umas Acme Novelty Library. mas pelo que vi, a história é muito legal e bem diferente da maioria dos quadrinhos e mesmo das graphic novel. A arte é muito boa e os eventos muito perturbadores. Mal posso esperar para ler o negócio inteiro.
A última edição do NetFuture foi a melhor que já vi. Nela, Stephen Talbott faz uma comparação entre a techne dos gregos à luz do Ulisses da Odisséia e a maneira que a tecnologia é percebida e assimilada por nós atualmente. Como é típico do autor, ele chega a conclusões nada lisongeiras para nós, mas o argumento é muito bem exposto.
Another thing that bothers me about this multiculturalism is when people ask me: 'How can you be sure that you are not a racist?' My answer is that there is only one way. If I can exchange insults, brutal jokes, dirty jokes, with a member of a different race and we both know it's not meant in a racist way. If, on the other hand, we play this politically correct game - 'Oh, I respect you, how interesting your customs are' - this is inverted racism, and it is disgusting.
Slavoj Zizek, filósofo esloveno de quem nunca tinha ouvido falar em entrevista à Spiked.

A entrevista é cheia de trechos interessantes, girando principalmente em torno de como a percepção de que vivemos em um mundo pós-político dificulta a resolução de conflitos, e o multiculturalismo é parte desse problema. (RSF)

22.11.01

Pode-se avaliar os danos à saúde causados pelo uso de espartilhos, sapatos altos ou muito apertados. Mas é realmente possível dizer como as mulheres de outros tempos percebiam essas vestimentas? Muitos fatores além das perversões sexuais dos homens influíram e influem nessas práticas. Quem sabe elas até gostavam... (RSF)
Dia de Gibi Novo: Transmetropolitan - Gouge Away e Hellblazer - Hard Time

Desde que Hard Time saiu, fiquei com coceira para ler: Jonh Constantine (mago e completo filho da puta) cumprindo pena em uma penitenciária de segurança máxima. Claro que o cara estava lá por vontade própria e que iria arrumar muitos problemas para e com os outros prisioneiros.

Tirando o motivo que levou Constatine para a prisão, a história é ótima. Se o resto das coisas de Brian Azzarello forem tão boas quanto Hard Time ele merece toda a atenção que está chamando. Cada um dos cinco capítulos é narrado por um personagem diferente, mostrando mais detalhadamente o impacto que o inglês causa por onde passa. As ilustrações de Richard Corben servem muito bem ao roteiro, explorando as expressões faciais e fortalecendo a opressão do roteiro.

Gouge Away é fantástica, como foi a história imediatamente anterior, Lonely City. Depois de completamente fudido, Spider Jerusalem começa a trabalhar sua vingança contra o presidente dos EUA. Não vingança "matar-esmagar-destruir", mas aquela típica dos jornalistas: exibir os podres. E haja podre na vida do cara.

Apesar de alguns exageros no comportamento de Jerusalem, acho que a série trata de algumas questões muito importantes sobre os media e a política. Os eventos se desenrolam num futuro cyberpunk que só tem diferenças suficientes do presenta para contribuir para o clima da série, o que contrinui muito para a relevância das histórias. Por outro lado, o mundo de Transmetropolitan é muito, mas muito mais intenso que o nosso. Mais ou menos como nossos dias pareceriam para alguém saído da década de 20. (RSF)

21.11.01

O Guardian publicou um texto muito bom sobre A Peste, de Albert Camus. Basta você se esforçar para ignorar a forçação do autor para que o livro se aplique melhor aos dias de hoje que à época em que foi escrito. Tipo "a praga é o terrorismo". (RSF)
Uma das coisas mais legais e mais idiotas da minha infância eram Os Super-Amigos. Às vezes me lembro dos episódios que mais gosto, como o que o Batman e a Mulher-Maravilha vão sozinhos para Gotham (com aparições de Diana Prince e Bruce Wayne) ou aquele que conta a origiem de alguns dos personagens. E nunca consigo lembrar o nome da nave da Legião do Mal.

Esse site é bem legal, mas não ajuda em nada minha absurda falha de memória. (RSF)

20.11.01

Uma mentirinha de vez em quando não faz mal a ninguém, faz? (RSF)
George W.'s ties to oil don't prove that the industry decides our every foreign policy move. But they do just about guarantee, for all practical purposes, that nothing significant will change in American energy policy. With Bush-Cheney in power, oil addiction is here to stay.

The fusion of oil and politics is a Bush family tradition. For generations, the Bushes and their friends have been shuttling back and forth between energy industry boardrooms and Washington's hallowed halls.
Trecho da primeira parte de um artigo da Salon sobre a adminstração americana atual e sua relação com a indústria de petóleo. A segunda parte já está no ar. (RSF)
Está no ar o segundo número de minha coluna no Omelete. Em Uma Luz no Fundo do Poço? eu faço alguns comentários sobre a buraqueira financeira da Marvel e como isso pode ser uma possibilidade interessante para os quadrinhos.

A reação ao texto anterior foi boa. Recebi meia dúzia de e-mails, quase todos muito inteligentes e contrapondo bem as minhas críticas. O legal é que as pessoas estão respondendo à provocação. Vamos ver dessa vez. (RSF)
Dia de Gibi Novo: American Flagg e Alan Moore's Songbook

Além de escrever quadrinhos, Alan Moore faz outras coisas. Ele é um mago, poeta e artista performático, tendo inclusive alguns discos gravados com suas performances (procure no Audiogalaxy). Alan Moore's Songbook traz os poemas/letras ilustrados por diversos artistas de quadrinhos. Entre eles, Neil Gaiman (eu sei que ele é escritor, mas de vez em quando ele ataca de desenhista), Arthur Adams, Terry Moore e Dave Gibons. Até o momento, só li The Hair of the Snake that Bit me e Trampling TokYo. Gostei muito das duas. Devo mandar as letras que mais gostar para cá algum dia essa semana.

Há muitos anos atrás (final de 90, quando tinha 12 anos), eu achei um gibi no lixo indo para a aula de inglês. Como ele estava até que limpo, levei o negócio para casa. Li e não gostei muito. Além da história parecer já ter começado mesmo sendo o número 1, as coisas eram meio confusas. Mesmo assim, comprei o segundo número. A mesma coisa. Pessoas fazendo sexo a torto e a direito, bebendo e uma história besta onde um policial (que era ex-ator de filmes pornôs) levava um time de basquete para uma turnê pela América do Sul.

Eu detestei tanto a história que recortei os desenhos - que eram legais - para colar em coisas. Que moleque burro eu era.

Há uns três anos, resolvi dar uma nova chance à American Flagg!. Claro que tive que comprar de novo. Comprei a encadernação que apresentava os personagens e os números que achei. Resumindo: muito do caralho.

American Flagg! é a melhor coisa que a Howard Chaykin já fez. Uma história cyberpunk sem as redes de computadores, ela era uma extrapolação do início dos anos 80, época em que foi escrita. Por incrível que pareça, não ficou nada datado. As coisas se desenvolvem num futuro onde quase todos os países se despedaçaram. Os EUA são um punhado de cidades-estado/shoppings administrados por uma corporação com base em Marte. A Rússia, a Inglaterra, Cuba e o Brasil também foram pro pau. Com isso, surgiram dezenas de grupos radicais e picaretas querendo dominar a situação.

O protagonista é o tal ex-ator pornô, um judeu (isso é importante, ele Chaykin faz questão de lembrar o leitor disso em todas as edições) chamdo Reuben Flagg. Depois que ele foi substituído por imagens de síntese, resolveu colacar em uso seu treinamento e acabou se tornando o Plexus Ranger responsável por Chicago.

Hoje, chegou a encomenda com os três números que eu não tinha. Infelizmente, a história não termina neles - só a tradução brasileira.

Eu recomendo a história, principalemente para quem gosta de ficção científica realista ou quadrinhos cinematográficos. Infelizmente ela não está disponível nem em encadernações americanas, por causa da falência da editora.

Mas, como o cara só vendia o pacote completo, estou cheio de duplicatas. E estou dando para a primeira pessoa que me escrever um e-mail pedindo, dizendo por que quer e o que gosta de ler.

Eu não sou um doce? (RSF)

19.11.01

Licença maternidade, folgas para levar as crianças no dentista, nunca trabalhar nos feriados... Depois de dácadas de prejuízos, as mulheres com filhos estão sendo beneficiadas (e aproveitando) além da conta? Algumas mulheres que escolheram não ter filhos acham que sim, tentando combater o "argumento" tão usado pelas mamães: "você não sabe como é duro". (RSF)
Nos Estados Unidos um best seller de ficção é um livro que vendeu vinte e cinco mil cópias. E o mercado de lá parece bem mais saudável que o daqui. Parece que não importa muito onde, esse negócio de ler não é muito levado a sério. Ou a sério demais, dando muito trabalho e tal. (RSF)
Eu não ligo para o Roberto Carlos. Não faz parte das coisas que ouvi crescendo ou que descobri depois. Mas todas as histórias em torno do Acústico são muito interessantes. (RSF)
Andrew O'Hehir, crítico de cinema da Salon acha que 2001 foi um ano muito bom para os filmes. Apesar de não ter visto Amores Perros sou obrigado a concordar. Claro que os filmes que eu quero ver (Ghost World e Mullanhood Drive) não vão chegar aqui tão cedo... (RSF)

17.11.01

Eu quero tudo das Meninas Superpoderosas! Tudo!

Pelo menos o panetone deve ter em tamanho adulto, na falta das camisetas. (RSF)
Ataque de Burrice: Wizard

Você tem acesso à Internet, não tem? Então não compre a Wizard nacional (ou a americana). Me senti como se tivesse trocado os R$6,80 por um bolinho de matérias velhas impressas da rede. Tanto os textos nacionais quanto os traduzidos são muito fracos, querendo falar de coisas demais e não aprofundando nada. Sem falar nas piadinhas no meio e na redação travada.

O pior é que já imaginava que ia ser assim. Mas vai lá a besta e paga para dar uma força, ver e tem alguma coisa legal nas matérias brasileiras...

Não sei se a revista tem lugar no mercado. Muito pouca gente que pode pagar sete paus numa revista sobre quadrinhos não tem acesso à rede. Com sites como o Omelete e o Universo HQ, além das listas de discussão, ninguém precisa pagar para ter um material meieiro. (RSF)
"Deus me vê". Imagino como é viver com essa idéia na cabeça - principalmente levando-a a sério. E fico imaginando como as pessoas que têm isso escrito dentro da cabeça iam agir se descobrissem que não há deus nenhum para ver. Quem age certo porque Deus vê está mesmo agindo corretamente? Ou só está pensando num lucro a longo prazo? (RSF)
Acho que não gosto esse negócio de "fantasia" (como em Harry Potter, Tolkien e Dungeons & Dragons). Ou, melhor, não me empolga. O filme já está aí e não consigo me interessar o suficiente para ler O Senhor dos Anéis. Além disso, achei o primeiro livro do Potter, extremamente sem graça (tirando as jujubas de todos os sabores). Claro que vou ver os filmes, mas eu assisti até Legalmente Loira. (RSF)

16.11.01

Você já assistiu um filme pornô, não assistiu? E um desenho japonês? Não Pokémon, mas alguma coisa mais despropositada, como Sailor Moon, Ranma ou Tenchi; coisas com elementos fantásticos, mas que ao mesmo tempo tentam convencer você que não há nada demais acontecendo. Entendeu a relação?

Agora imagine assistir o cruzamento dos dois por oito horas seguidas. Pelo menos os "diálogos" são mais criativos que "Yes! Fuck me baby!" (RSF)

15.11.01

Hoje vi em um dos canais universitários, uma professora de língua portuguesa respondendo à velha pergunta: "o português de Portugal e o do Brasil vão se tornar línguas diferentes?" A reposta dela - "sim" - me deixou espantado. Nem tanto pelo sim, mas por supor um percurso para o português semelhante ao que o latim percorreu até se dividir em um monte de línguas. A mulher parecia ignorar a velocidade com que as palavras de diferentes idiomas se espalham e se misturam, seja por eventos mundiais ou influências mais sinistras.

Ainda bem que eu não estudo lá. (RSF)
A lua do Ramadan
Acaba de aparecer.
Amanhã o sol banhará
Uma cidade silente.

Os vinhos dormirão quietos
Em suas urnas, e à sombra
Dos bosques repousarão
Tranqüilas as raparigas.
Omar Khayyam, comentando os acontecimentos recentes, na tradução de Manuel Bandeira para o Rubaiyat.

14.11.01

Não é bem uma leitura do dia, mas uma ferramenta de uso constante. O Bartleby é um site que coleciona diversas obras de referência em língua inglesa, inclusive o dicionário de literatura do mesmo nome.

Ainda não achei nada parecido em português, mas os dicionários da Porto Editora vão quebrando o galho. (RSF)
Some Thoughts on Clint Eastwood and Heidegger. Se o título não chamou sua atenção, é meu comentário que vai chamar? (RSF)
E eu que achava que minha namorada era a única pessoa que se divertia com spam. (RSF)
I do think that as long as the American people want to win this war, the tactical mistakes don't really matter that much. If you're absolutely determined to build a house, in the long run it won't matter if you used the wrong kind of nails by mistake. You'll just pull them out and start over.
Tem gente que não entende nunca. Jonah Goldberg - editor da revista direitista National Reviewque escreveu o texto de onde saiu este trecho - deve ser um desses. (RSF)

13.11.01

Se as idéias malucas que tem aparecido fossem verdadeiras, essa guerra ia ser bem mais legal que a de 1941. (RSF)
If you write one well-reviewed, well-respected, not bad selling, but not a bestseller list book every three years, which you sell for a whopping 30,000 pounds, that's still going to average out to 10,000 pounds a year and you will make more managing a McDonald's. With overtime you'd probably make more working in a McDonald's.
Neil Gaiman, em uma entrevista muito boa. Entre outras coisas, ele esclarece a confusão de identidades entre dois meninos magos, um bem mais famoso.

E é impressão minha ou ele está a cara do Bob Dylan? (RSF
Estou mudando de e-mail de rsilver@e-net.com.br para rodolfosfilho@terra.com.br. O e-mail antigo funcionará até o dia 20.11. (RSF)

12.11.01

Dia de Gibi Novo: Video Girl Ai e Sin City Especial - Apenas Outra Noite de Sábado

Muito perigosos essas revistinhas japonesas. Fofinhas, pequenininhas, baratinhas (R$2,90, 95 páginas) e com um monte diferente nas bancas. Eu que não queria ir com uma criança até uma banca bem estocada desses mangazinhos.

Video Girl até é divertida, mas me apela menos que Sakura - justamente por ser um pouco mais "adulta". É uma daquelas histórias de poligonos amorosos: um cara gosta de uma menina, que gosta do amigo dele. Depois de um fora, o cara encontra uma locadora onde só podem entrar os puros de coração (sério), aluga uma fita semi-pornô e vai para casa assistir. O vídeo dá um pau e sai uma menina - a Video Girl Ai - que tem como objetivo consolá-lo. Obviamente, ele não quer nada com Ai, que resolve dar uma força para conquistar a menina que ele gosta.

Não vi muita graça, achei meio sentimentalóide. Esperava algo mais engraçado. E a arte é muito escura para a qualidade do papel.

Em compensação, Sin City não é nem baratinha, nem tem todo o dia e muito menos é bonitinha. Mas a arte e os roteiros de Miller são excelentes, algo que percorre sem problemas a linha entre o noir e o pulp. Acho que demorei uns cinco minutos para ler, e mesmo assim os R$5,50 valeram. De brinde, uma galeria de pin-ups feitos por artistas brasileiros, todos muito bons. (RSF)
Terminei outro dia a segunda parte de Do Inferno. Não decepciona, depois dos fantásticos capítulos de abertura. Infelizmente, agora vou ter que esperar o resto ser publicado. Tenho a impressão - que não posso confirmar, já que emprestei o primeiro volume - que a edição (capa, papel, encadernação) é pior que a do anterior.

A maçonaria tem um papel importante - o de vilão - em Do Inferno. Com o filme, alguns maçons ficaram preocupados com os prejuízos a sua imagem. Os quadrinhos eram menos preocupantes, por conta do público reduzido e do apêndice explicando o que é realidade os motivos de determinadas escolhas.

Por sinal, vi o trailer do filme. Não empolgou, mas vou ver de qualquer jeito. (RSF)

9.11.01

Acho que jogo menos de cem horas de videogames por ano. Mesmo assim não deixo de ficar interessado quando aparecem novos consoles, jogos com abordagens diferentes ou novas aplicações para a tecnologia desenvolvida para os jogos. Apesar de me interessar muito pela forma, acho que os jogos aproveitam muito menos do que poderiam as possibilidades técnicas e conceituais. (RSF)
Encontrei uma revista sobre quadrinhos muito boa esses dias, a Borderline. A revista é uma revista eletrônica, não um site: é preciso baixar o arquivo contendo as páginas da revista toda. Pode demorar, mas vale a pena.

Até agora, eu baixei os números 3 e 4. A abordagem é bem diferente de uma Wizard, por exemplo e os textos em geral são muito bons, tanto as colunas quanto as matérias.a cobertura é bem variada,com boas matérias sobre quadrinhos europeus e japoneses, fanzines, quadrinhos independentes e super-heróis, além de bons textos sobre Ziraldo e Maurício de Souza.

A qualidade e quantidade das imagens justifica baixar a versão em alta resolução, que tem quase quatro vezes o tamanho da outra. (RSF)
A Lingua Franca - revista dedicada ao meio acadêmico americano e uma excelente leitura - foi cancelada. Ninguém sabe bem os motivos, mas parece que o editor do melhor weblog que conheço tem algum papel muito feio na história. O caso é complicado. (RSF)
Ernst Gombrich - crítico e teórico de arte e autor de Arte e Ilusão e Uma História da Arte - morreu no último sábado. (RSF)

8.11.01

Mais um pequeno passo na minha tentativa de dominação mundial

Entrou ontem no ar a primeira edição da Esquadrinhando - uma coluna sobre quadrinhos no Omelete. Nela, eu pretendo tratar principalmente da quase inexistência da crítica de hq.

O primeiro artigo é Watchmen: melhor em quê?. A coluna deve ser quinzenal e já tenho mais duas escritas. Assim não acontece igual ao Desmontando, que mal começou e já atrasou uma semana. Deve entrar no ar amanhã à noite, depois que eu revisar algumas coisas. (RSF)
A Revolução Francesa, na qual os revolucionários tomaram o poder pela força e logo trocaram todos os cadeados de todos os palácios para que os nobres não pudessem entrar. Em seguida fizeram uma baita festa e guilhotinaram-se uns aos outros. Quando os nobres finalmente recapturaram os palácios tiveram que fazer uma reforma geral, devido ao excesso de manchas nas paredes e tocos de cigarro pelo chão
Woody Allen, num Guia Breve, Porém Útil, à Desobediência Civil. Esse e outros textos fundamentais para a vida moderna podem ser encontrados no volume Sem Plumas. (RSF)
Dia de Gibi Novo: New X-Men 116 e New X-Men Annual 2001

Não é segredo que - deixando de lado uns seis meses de minha vida - eu nunca liguei muito para os X-Men. A série tinha bons momentos, mas nunca escolheu de fato entre ser um filme de ação ou algo que falasse de alguma coisa. As histórias normalmente lidavam com algum mutante do passado ressurgindo e querendo vingança. Enquanto isso, de vez em quando alguém falava alguma coisa sobre o "sonho de Xavier" da coexistência pacífica de humanos e mutantes.

Finalmente os X-Men estão no rumo certo. Morrison repete a abordagem que empregou na sua JLA: encontrar o que define a série e trabalhar em cima disso, jogando todo o resto fora. No caso da Liga, os maiores heróis lutando contra as maiores ameaças. Já os X-Men se tornaram as tropas de uma espécie de ONU mutante. Nas quatro edições que eu li, a abordagem está dando ótimos resultados.

Até o momento, os X-Men abandonaram as identidades secretas, criaram uma organização ( a X-Corps) de proteção aos mutantes com escritórios em todo o mundo, destruíram um dos seus aviões de combate, fizeram eutanásia, enfrentaram traficantes de órgãos de mutantes, impediram um micro-sol de cometer suicídio e executaram (já que não conseguiam conter) a responsável pela morte de dezesseis milhões de pessoas.

Morrison diz que seus X-Men são pacifistas e - se o título se mantiver nessa linha - é verdade. Uma das maiores falhas dos quadrinhos de super-heróis e grande parte das ficções orientadas para a ação é o uso da violência como única forma de resolver os conflitos. Apesar da idéia de heróis pacifistas já ter sido utilizada antes, é inegável que nunca tiveram tanta visibilidade.

E - para completar - Jean Grey e Emma Frost nunca estiveram tão bonitas. (RSF)

7.11.01

Video games take in as much revenue as the domestic Hollywood box office gross, and arguably consume more of our time. But like other forms of entertainment, games on their own don't carry everyone far enough away from reality for their liking. For a pastime most often associated with loners and geeks, the arrival of a shared drug subculture in gaming indicates, for better or worse, the arrival of gaming as a mature and complex medium.
Trecho de uma matéria da Salon sobre videogames e drogas. (RSF)
É por coisas assim que eu ainda insisto no McSeeney's. Já esta aqui só merece um "legal". (RSF)
Eu não gosto quando David Lynch ou Woody Allen lançam um filme: eu sei que vou ter que esperar um ou dois anos para ver o negócio nesse capinzal. Os caras lançam filmes há um tempão e têm uma platéia certa - mesmo que não muito grande - e os custos de lançamento são mínimos, mas as distribuidoras querem Titanic todo o ano. (RSF)

6.11.01

Matina Suzuki Jr. comenta o fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo. Apesar de alguns pontos interessantes, achei a argumentação dele falha em vários pontos. Se a não exigência de diploma significasse melhoria de qualidade, as escolas de publicidade - por exemplo - seriam bem melhores. Além disso, o texto ignora que, em mercados menores, a "brodagem" contribui muito para a manutenção do emprego.

Eu acredito que o fim da exigência do diploma para o exercício da profissão não vai dar em boa coisa. Não acredito que as questões éticas envolvidas no jornalismo possam ser resolvidas só com base no senso comum quando o lugar onde o jornalista se depara com elas pela primeira é em uma redação. (RSF)
Existe, do ponto de vista moral, alguma coisa errada em um cara de mais de quarenta anos ser a fim de meninas de dez? Ou o problema não é querer, mas agir? Apesar de ninguém ter bem certeza do que aconteceu, o caso de Lewis Carroll e sua Alice é bastante interessante. (RSF)
Toda vez que eu converso com alguém sobre desenhos animados, uma pancada de nomes aparece. Mas até hoje nunca vi ninguém que não citasse Simpsons. A série está entrando na décima terceira temporada sem dar sinais de cansaço, um bom exemplo para os escritores de umas e outras coisas que já foram bem legais. (RSF)

5.11.01

Um dos problemas de tentar viver no futuro é ser o primeiro a lidar com as ameaças de lá. Que o diga George Lucas. Depois de inventar uma série de efeitos espaciais, um novo gênero de filmes, produzir uma série de tv em vídeo digital e dispensar atores em uma velocidade estonteante, Lucas é o primeiro cineasta a ter que lidar com remixes dos seus filmes. (RSF)
Como diria Neo, Wow! A Forbes publicou uma matéria sobre a Marvel. Obviamente, se tratando de uma editora que há mais de dez anos dá prejuízo, as notícias não são boas. O pior que, na percepção dos investidores, a Marvel é a indústria de quadrinhos. (RSF)
A dívida interna do Brasil alcançou níveis históricos no atual governo. Quando o presidente Fernando Henrique Cardoso tomou posse, em 1995, o primeiro brasileiro que nasceu já veio ao mundo devendo R$ 1 mil. No momento em que FHC deixar o cargo, em janeiro de 2003, o primeiro brasileiro que nascer vai herdar uma dívida pública da ordem de R$ 5,3 mil.
Deu no Jornal do Brasil. E esse aumento da dícida foi acompanhado da falência de vários setores da economia, como a geração de energia, por exemplo.

"Estabilidade econômica" é o raio que o parta, para não desrsepeitar o presidente. O mais interessante é o quão pouco se fala a respeito do assunto: é impressionante como ele simplesmente foi riscado da pauta de discussões dos meios de comunicação e dos políticos. (RSF)
Hoje, li uma adaptação de Dom Quixote feita por Will Eisner: O Último Cavaleiro Andante. É interessante ver como a arte do Velho Mestre evoluiu nos últimos anos, tendo ficado mais econômica, apesar de ter perdido muito na firmeza da linha. Também, o homem está com quase 85 anos.

Talvez esteja lendo mais do que devia, mas fiquei com a impressão que Eisner está falando de si mesmo, não de Quixote. O livro - fininho, com 32 páginas - parece uma justificativa de Eisner para os rumos que tomou em sua carreira. (RSF)

2.11.01

Quantos civis afegãos vale um soldado americano? Apesar de nossa tendência a dar uma resposta imediata a depender de para quem torcemos, qualquer resposta conseqüente merece mais reflexão. (RSF)
Em outro blog, achei o link para esse artigo, apontado como "ótimo". Li - com boa vontade, juro - mas não entendi o que ele tem de especial. Até onde eu pude ver, tirando uma palavrinha nova - coisa típica dos digerati - o texto não traz novidades, mas repete idéias que circulam por aí há anos e anos. Talvez seja a razão do entusiasmo: repetir (em lugar de captar ou refletir sobre) a zeitgeist é sempre um bom caminho para a popularidade. (RSF)

1.11.01

OK Soda - O refrigerante com planos políticos.

1) What's the point of OK? Well, what's the point of anything?
2) OK Soda emphatically rejects anything that is not OK, and fully supports anything that is.
3) The better you understand something, the more OK it turns out to be.
4) OK Soda says, "Don't be fooled into thinking there has to be a reason for everything."
5) OK Soda reveals the surprising truth about people and situations.
6) OK Soda does not subscribe to any religion, or endorse any political party, or do anything other than feel OK.
7) There is no real secret to feeling OK.
8) OK Soda may be the preferred drink of other people such as yourself.
9) Never overestimate the remarkable abilities of "OK" brand soda.
10) Please wake up every morning knowing that things are going to be OK.
Em uma palavra: assustador. (RSF)
Joe Sacco é uma mistura rara de cartunista e jornalista, já tendo produzido livros sobre a Bósnia e a Palestina. Ele visita zonas de guerra como essas e produz suas histórias, que se prendem à situação das pessoas envolvidas nos conflitos. Aqui no Brasil, seus trabalhos estão sendo editados pela Conrad, sendo uma boa aternativa à falta de documentários. (RSF)
Um evento realizado recentemente em Nova Iorque explorou as possibilidades dos quadrinhos como performance, um modo que eu nem tinha sonhado. Andrew Arnold - colunista da Time e um cara que chama quadrinhos de comix - esteve lá e comenta. (RSF)
Sem nada interessante para fazer em novembro? Que tal tentar escrever um romance? Caçar fantasmas também é uma boa alternativa para se aquecer para o verão. (RSF)
Misreadings

Troquei How The American Press is Helping Taliban por How The American Express is Helping Taliban.

Queria saber de onde saiu o autor da matéria para mostrar tanto estranhamento com o comportamento dos media e repetir algumas vezes coisas como "o Taliban não precisa lidar com isso". (RSF)